31 de dezembro de 2010

Dimensão Espiritual




Toda pessoa escuta uma voz, uma mensagem
que vem do universo, da natureza circundante,
da vida que leva junto com outros
na família e no trabalho.
Muitas vezes formula a pergunta:
"O que se esconde atrás das estrelas?
O que essa voz das coisas me quer dizer?"

Em nossos escritórios e nos nossos gabinetes de trabalho
podemos ser cínicos, podemos acreditar
ou desacreditar de qualquer coisa.

Mas não podemos desprezar a aurora que vem,
não podemos desfazer o olhar inocente de uma criança,
não podemos contemplar com indiferença a profundidade do céu estrelado
sem cair no silêncio e na profunda reverência,
nos perguntando o que se esconde atrás das estrelas,
qual é o caminho da minha vida,
o que posso esperar depois dela?

São perguntas que o ser humano sempre se coloca
e, ao colocá-las, revela sua espiritualidade.

Quando nos abrimos para acolher essas mensagens,
para orientar nossa vida num sentido que produza leveza,
irradiação, humanidade, responsabilidade,
aí deixamos aflorar a nossa dimensão espiritual.


Leonardo Boff
DESEJO UM FELIZ ANO NOVO
A TODAS PESSOAS QUE FREQÜENTAM ESTE BLOG,
MUITAS DELAS RESIDENTES EM PAÍSES TÃO DISTANTES DO BRASIL.
UM CALOROSO E FRATERNO ABRAÇO
DE ZENÓBIA

29 de dezembro de 2010

A ação dos espíritos




Diz a questão 459 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec: “Os espíritos influem sobre nossos pensamentos e ações? A este respeito, sua influência é maior do que podeis imaginar. Muitas vezes, são eles que vos dirigem”.


A idéia da ação dos espíritos não nasceu com o Espiritismo, já que sempre existiu desde as épocas mais remotas da vida humana na Terra. Todas as religiões pregam sobre a ação dos espíritos de forma direta ou indireta e nenhuma nega completamente estas intervenções. Inclusive, criaram dogmas e cerimônias relativas a elas, como promessas (pedir alguma forma de ajuda para um espírito em troca de um sacrifício) e exorcismos (cerimônia religiosa para afastar o “demônio” ou os espíritos maus).

A ação mediúnica não está limitada às sessões, vivemos mediunicamente entre dois mundos e em relação permanente com entidades espirituais. Isto se dá porque muitos espíritos povoam os mesmos espaços em que vivemos, muitas vezes nos acompanhando em nossas atividades e ocupações, indo conosco aos lugares que freqüentamos, seguindo-nos ou evitando-nos conforme os atraímos ou repelimos.

Estamos cercados por espíritos e sua influência oculta sobre os nossos pensamentos e atos se faz sentir pelo grau de afinidade que mantivermos com eles. Inúmeros espíritos benfeitores também se comunicam conosco, por via inspirativa ou intuitiva, todas as vezes em que nos dispomos a ser úteis aos nossos irmãos em nossa vida social. Quantas vezes um conselho sensato e oportuno que damos sob a intuição de um benfeitor espiritual consegue mudar o rumo de uma vida e até, em certos casos, salvar ou evitar que uma família inteira seja precipitada no abismo de uma desgraça? O amor verdadeiro e desinteressado não requer lugar nem hora especial para ser praticado, pois o nosso mundo, com o sofrimento da humanidade torturada, é igualmente um vasto campo de serviço redentor.

Entretanto, não julguemos que a mediunidade nos foi concedida para um simples passatempo ou para a satisfação de nossos caprichos. Ela é coisa séria e, possuindo-a, devemos procurar suavizar os sofrimentos alheios. Ao desenvolvermos a mediunidade, lembremo-nos de que ela nos é dada como um arrimo para conseguirmos mais facilmente a perfeição, para liquidarmos mais suavemente os pesados “débitos” que contraímos em existências passadas e para servirmos de guia aos irmãos que se encontram mais desajustados espiritualmente.

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Autor: Ney Silva

4 de dezembro de 2010

Espiritualidade




Para que a espiritualidade se torne algo de pessoal e de amado deve sair do papel e do campo das idéias e se fazer vida. Somente quem vive olhando para o alto, não se deixando escravizar pelas coisas da terra pode lentamente tornar-se uma pessoa espiritual.
Devemos evitar o spiritualismo que nos impede de compreender que a ação é o caminho certo de toda forma de espiritualidade. Se um dia você tiver a oportunidade de visitar uma livraria do aeroporto ou rodoviária ou qualquer outra livraria você fica espantado em ver tantos livros que são denominados de espiritualidade, mas que na verdade não passam de pequenas e às vezes insignificantes orientações emocionais e psicológicas que não atingem o verdadeiro sentido da vida.
No respeito para todos estes autores que fazem um bem imenso aos que lêem, discordo de tudo isto porque me parece que não pode existir uma autêntica espiritualidade sem uma referência explícita a determinados valores fundamentais como a defesa da vida, da paz, dos direitos humanos.
A busca da espiritualidade não pode prejudicar a ninguém, mas deve nos ajudar a ser cada vez mais livres da matéria e senhores do nossos instintos. Verdadeira espiritualidade é fruto de uma luta corajosa, forte, onde ficamos feridos, arranhados e sangrando mas não desistimos da luta. É preciso termos liberdade!
A liberdade não é como normalmente se entende dentro da linguagem das pessoas no dia a dia. Livre é quem faz o que quer e como bem entende. Há muitas pessoas que dizem: “tenho o direito de ser feliz e de buscar a minha felicidade e realização, portanto até que não encontre vou buscando, não importa se isto me faz romper os laços da família, do amor, dos compromissos do matrimônio ou do relacionamento familiar, o que vale é a minha felicidade.”
Na verdade nunca seremos felizes se nos deixarmos dominar pelo egoísmo que está em nós. A liberdade é um sonho duro a ser conquistado e que vai exigindo muito de nós. Esta liberdade nos leva à verdadeira espiritualidade do amor. Mais reflito sobre o amor e menos sei, e no entanto me parece que com os anos que vão chegando o compreendo mais. Mesmo quem sabe porque a memória dos fracassos me faz ver em outra perspectiva o mesmo amor que devo conquistar.
Perceber a necessidade do amor para viver uma dimensão de vida que não pode ser “espiritualização” de nada, mas sim somente espiritualidade autêntica e vital. Há quem acha que viver a feitiçaria ou espiritualismo é espiritualidade, ou quem vive até rancores e domínio dos outros... Pensa que para dominar os demais se necessite de uma forte espiritualidade. Não há dúvida que são visões distorcidas da verdadeira e autêntica espiritualidade.
Não podemos confundir a espiritualidade no sentido da palavra ou compará-la. Existem várias espiritualidades: budista, muçulmana, hinduista, judaica... são janelas pelas quais as pessoas vêem a vida. Podemos também ver a vida pela janela do evangelho e do coração de Deus, por isso o único alicerce de toda a espiritualidade é a palavra de Deus que nos alimenta em cada momento
O caminho da verdadeira espiritualidade é um processo de libertação interior onde tudo está debaixo do poder da nossa liberdade e que nada mais poderá nos impedir de sermos livres no nosso agir. Na espiritualidade então percebemos que é necessário superar as ideologias mágicas que não realizam nada em nós.
Por exemplo, a espiritualidade dos perfumes, das cores, do incenso queimado ou das novenas feitas somente pelo intuito de receber a graça e nada mais. São espiritualidades vazias e sem fundamento. É preciso que o Espírito encontre em nós uma resposta firme. Temos um espaço de tempo para viver a nossa espiritualidade e somente neste espaço de vida que somos chamados a realizar o seu projeto de amor.
Não devemos pensar somente em reencarnação e de caminhos de volta para nos purificar e chegar assim “à iluminação”. Temos aqui e agora a nossa vida que deve se realizar. Em outras vidas ou outra existência, devemos deixar pra quando chegar, e ainda preparar-se para a vida eterna que se conquista no dia a dia duro e difícil do nosso carregar a cruz, e na luta sem trégua contra o mal que está dentro e fora de nós.
Mas afinal o que é espiritualidade? É um estilo de vida pautado pelo engrandecimento da alma que visa reverenciar o Ser Maior. Seremos espirituais quando pudermos dizer com sinceridade Sou uma pessoa do bem!

Enya - Isobella